Jules Rimet assumiu a presidência da FIFA em 1921. Ele foi o terceiro presidente da entidade fundada em 1904 para organizar e liderar o futebol mundial.
Até então, o único campeonato entre seleções em nível mundial no futebol era disputado a cada quatro anos por jogadores amadores durante os Jogos Olímpicos e estes campeões olímpicos eram tidos como campeões mundiais de futebol na época: Reino Unido em 1908 e 1912, Bélgica em 1920 e Uruguai em 1924 e 1928.
Mas o futebol não era uma das prioridades do Comitê Olímpico Internacional (COI) e Jules Rimet alimentou a ideia de criar um Mundial organizado pela FIFA. A ideia foi levada e aprovada pelo Comitê da entidade em 1928 na cidade holandesa de Amsterdam. Tão logo foi escolhido o Uruguai para sediar o evento dois anos depois e encomendado pela FIFA um troféu para premiar a seleção campeã do mundo. Jules Rimet ainda definiu que o país que conquistasse a Copa pela terceira vez, ganharia em definitivo a Taça do Mundo e seria criada uma outra.
A criação ficou sob a responsabilidade de um artesão francês chamado Abel Lafleur. A joia ficou pronta em abril de 1929 e custou 50 mil francos. Consistia na representação da Nike, a deusa da vitória na mitologia grega. Com 3,8kg e 35cm, a imagem da deusa da vitória com os braços erguidos segurando um copo octogonal sob uma semi-circunferência com o nome FIFA gravado nela. Tudo isso feito com ouro puro. Abaixo, uma base de lápis-lazuli, uma rara pedra preciosa que continha pequenas placas onde seriam gravados os nomes dos futuros campeões do mundo.
Da sede da FIFA na França, o precioso troféu foi para a cidade italiana de Gênova de onde embarcou com Jules Rimet em um cofre para o Uruguai no navio italiano SS Conte Verde. No caminho embarcaram no mesmo navio as seleções da França, Romênia, Bélgica e Brasil, além de três árbitros que apitariam aquele Mundial, entre eles o da final: Jean Langenus. O destino do navio que trouxe a Taça do Mundo não foi boa, pois foi abatido e afundou na Guerra durante a década de 40.
Na foto abaixo, Jules Rimet entrega a Taça do Mundo para a Federação Uruguaia em 1930 após a conquista do Uruguai na grande final da primeira Copa do Mundo.
Abaixo, imagem dos uruguaios comemorando a conquista com a Taça do Mundo.
Após quatro anos cuidando do troféu, o Uruguai o entregou para a Itália para que fosse entregue ao próximo campeão do Mundo em 1934. O país sede foi o campeão daquele ano. Na imagem abaixo, no lado esquerdo, o goleiro e capitão italiano Combi recebe o troféu.
Abaixo, os três primeiros colocados da Copa de 1934 recebem suas premiações. No centro, o capitão da Itália segura a Taça do Mundo.
Em 1938 o troféu volta para a França onde foi disputado pela terceira vez e a Itália o conquista novamente. Abaixo, Jules Rimet entrega o troféu para o capitão Meazza.
Na foto a seguir, jogadores italianos comemoram a conquista de 38 com o técnico italiano segurando orgulhosamente a cobiçada taça.
Em 1942, a Copa estava cotada para ocorrer no Brasil ou Alemanha, mas a Segunda Guerra Mundial interrompeu este processo e a Copa foi cancelada. O italiano Ottorino Barassi que era o então vice-presidente da FIFA escondeu a Taça do Mundo dentro de uma caixa de sapatos embaixo de sua cama, em Roma. A Itália tinha sido invadida pelos alemães liderados por Adolf Hitler que diziam querer possuir a Taça do Mundo devido ao seu valor e para mostrar seu poder. Após um tempo, Ottorino entregou o troféu para seu amigo Giovanni Mauro que a escondeu em sua casa de campo na cidade italiana de Brembate. Após o fim da guerra, o troféu foi devolvido para a FIFA.
Em 1946 também não foi organizada a Copa do Mundo ainda em virtude da Guerra. Ainda em 1946, a Taça do Mundo mudou seu nome para Troféu Jules Rimet em homenagem ao seu idealizador.
Com o fim da guerra e a Europa devastada, o Brasil recebeu a missão de organizar o mundial em 1950. Abaixo, a taça do Mundo sendo apresentada já em solo brasileiro.
Abaixo, Jules Rimet entrega o troféu para o capitão uruguaio após vitória do Uruguai sobre o Brasil no Estádio do Maracanã.
Abaixo, os uruguaios comemorando o título de 50.
Em 1954, a Suíça sediou o torneio e a Alemanha conquistou o título. Abaixo, Jules Rimet entrega a Taça do Mundo pela última vez, pois ele viria a falecer dois anos depois,
Abaixo, o capitão alemão celebra a conquista após a final. É interessante observar a base do troféu de 1930 a 1954. Essa base foi substituída após a Copa de 1954 para uma maior para que coubesse mais placas com o campeão. Tal base ficou perdida até 2015 quando foi encontrada no porão da FIFA e levada para o museu da entidade.
Em 1958 na Suécia, O Brasil conquistou pela primeira vez o Mundial e seu capitão Bellini, imortalizou um gesto ao erguer pela primeira vez o Troféu do Mundo logo após recebê-la. Dizia ele, que fez isso porque os fotógrafos que estavam mais atrás não conseguia ver o troféu e ao erguer todos puderam vê-lo. É possível ver que o troféu teve sua base alterada, sendo aumentada um pouco. Especula-se que o troféu original possa ter sido perdido ou roubado pelos alemães um ano antes e por isso a mudança de base teria ocorrido. Tal fato jamais foi provado.
Abaixo, a seleção brasileira posa com o troféu.
Em 1962, a Copa veio para o Chile e o Brasil a conquistou novamente. Abaixo, Mauro recebe o troféu.
Antes da Copa de 1966, a taça do Mundo estava sendo exposta em Londres quando foi roubada em março. Dias depois, um homem passeava com seu cachorro Pickles pelas ruas da capital inglesa, quando o cachorro farejou um embrulho de jornais perto de um arbusto. Seu dono teve uma enorme surpresa ao abrir o embrulho e encontrar a taça roubada. Logo, ele entregou para as autoridades policiais que se incumbiram de entregar para FIFA. Abaixo, imagens do troféu ainda preso aos ornais logo após ser encontrada.
A polícia inglesa apresenta o troféu salvo na foto abaixo.
Meses depois, a Rainha da Inglaterra entregou o troféu para os campeões de 1966. Os ingleses conquistaram p campeonato dentro de sua casa.
Em 1970, no México, a Taça Jules Rimet seria entregue pela última vez, pois a final entre Itália e Brasil decidiria quem a conquistaria pela terceira vez e em consequência teria sua posse definitiva. O Brasil venceu e conquistou o tri-campeonato. Abaixo, Carlos Alberto Torres ergue o troféu após imortalizar outro gesto ao receber a taça, olhou para para ela e a deu um beijo.
Após ser exposta em diversas cidades do Brasil após a conquista, a Taça Jules Rimet foi colocada em local de destaque em uma das salas da sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Uma réplica foi mantida em um cofre. Em 1983, bandidos invadiram a sede da CBF no centro do Rio de Janeiro e roubou a Troféu Jules Rimet. Abaixo, imagens de onde ficava o troféu.
As investigações foram intensas, os culpados localizados, as falhas grotescas de segurança foram localizadas. Mas o precioso troféu jamais foi encontrado. Especula-se que tenha sido derretido e seu ouro vendido. Há boatos que tenha sido vendido para um colecionador ou ainda que esteja escondido em algum lugar até hoje. A verdade é que o fato foi uma vergonha para o país do futebol e é uma mancha na história da Copa do Mundo.
Com a Jules Rimet foram roubadas da CBF outras três taças: a Equitativa, conquistada pelo Brasil como vice-campeã do mundo em 1950; a Jarrito de Ouro, pela conquista do II Campeonato Pan-Americano do México, em 1956, e a Taça Independência, conquistada em 1972, por ocasião do Torneio do Sesquicentenário da Independência.
A proposta de devolução das quatro taças roubadas, foi feita pela Kodak Brasileira, foi aceita pela CBF, em 19 de janeiro de 1984. Com a ajuda da J. W. Thompson, a empresa localizou os moldes originais da Taça Jules Rimet, feitos na Alemanha, em 1954, por Rudolf Schaeffer, na cidade de Hanau, perto de Frankfurt. Dois meses de pesquisa e trabalhos intensos foram necessários para a reprodução exata da Taça Jules Rimet, com todas as suas características originais. As outras três taças foram confeccionadas pelo artesão de jóias Frederic, no Brasil.
Com as novas taças já elaboradas, a Kodak elaborou um roteiro para que autoridades, representantes do futebol e a população pudessem rever esses ícones nacionais. O roteiro teve início com a apresentação das taças para o então presidente da República, João Figueiredo, que as recebeu das mãos dos três capitães da seleção brasileira ganhadores de mundiais a nova Taça Jules Rimet, na presença dos representantes da Kodak Brasileira, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Bradesco, responsável pelo seguro da nova taça.
Após a solenidade, houve um coquetel na Casa do Bradesco, onde a taça foi apresentada às demais autoridades, assim como à imprensa, aos jogadores das três seleções brasileiras campeãs do mundo.
A taça percorreu os roteiros: Belo Horizonte, São Paulo, São José dos Campos, Curitiba, São Paulo (Pacaembu), Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro.
No dia 10 de junho, antes da partida amistosa Brasil x Inglaterra e durante as comemorações do 70º aniversário da CBF, a Taça Jules Rimet foi entregue oficialmente à Confederação Brasileira de Futebol. Milhares de pessoas se emocionaram quando os três capitães ergueram de novo a Jules Rimet e a entregaram ao presidente da entidade, Giulite Coutinho.
Abaixo, os capitães recebem a réplica e as exibem pelo país:
Em junho de 1997, um réplica foi oferecida em leilão por uma família inglesa. Estranhamente, FIFA e CBF tentaram comprar achando que pudesse ser a roubado em 1983. A FIFA venceu o leilão pagando mais de 230 mil libras. Mais tarde, exames na peça comprovaram ser apenas uma bela réplica feita na década de 60 após o primeiro roubo e a conquista da Copa de 1966 pela Inglaterra. Era o joalheiro George Bird quem fez a réplica em 1966 e após sua morte, sua família decidiu leiloá-la.
Ni início de 2015, a FIFA encontrou nos seus porões, a base original do troféu que foi utilizada até a Copa de 1954 quando foi substituída por uma base maior, de oito lados, para caber mais placas com as gravações dos campeões.
Abaixo, uma réplica idêntica do troféu ganhou a base original que foi restaurada após seu aparecimento. A peça está exposta no Museu da FIFA aberto em 2016, na Suíça.
Conheça todos os campeões da Copa do Mundo:
Belíssima, também. Não tanto quanto a atual, mas tem seu charme e história. Uma pena que teve seu fim trágico. Realmente, a Jules Rimet é motivo de orgulho para nós brasileiros pela sua conquista, e motivo de vergonha pela sua perda.
ResponderExcluirMuito triste mesmo Jhonny!
ExcluirMuito bacana mesmo Ariel!! Não tinha o menor conhecimento da história da taça Jules Rimet, realmente lamentável o ocorrido.
ResponderExcluirAbraço
LFPMS
Muito triste mesmo!
ExcluirAriel, sou grande fã do trabalho seu realizado nesse blog. Segue uma reportagem bem detalhada e rica em informações que pode ajudar a complementar essa página:
ResponderExcluirhttps://cadernodosesportes.com.br/2018/05/30/trofeus-copa-do-mundo-fifa-taca-jules-rimet-trofeu-copa-do-mundo-world-cup-trophies-jules-rimet-cup-world-cup-trophy/
Oi Raphael!
ExcluirObrigado pelo prestígio e pela dica!Grande abraço!
Riqueza de detalhes absurdo da Jules Rimet,a foto do Bellini quando ele levanta a taça é tão rara que nunca tinha visto,e olha que vejo a memorabilia inclusive de fora,de sites Japoneses e Americanos e não acho,ela é um patrimônio cultural do mundo,a taça deveria ser tombada pela UNESCO,mas acho que incrivelmente não é,só na Suiça e na França,sobre o roubo,dizem e vi num site e um jornalista conhecido que não vou dizer o nome,trabalha em Rádio e Televisão,me disse que está na casa de um tal de R.T. e ele pegou juntamente de um tal de J.H.,a taça não foi derretida coisíssima nenhuma,ela foi roubada por vingança contra o Giulitte Coutinho,que era o presidente e contra o Nabi abi Chedid que era o vice presidente e presidente da FPF,essa história é a que eu sei,site maravilhoso que sempre sigo,maior riqueza de detalhes absurda de trofeis e até bolas,eu amei e sigo o site sempre,grande abraço amigo.
ResponderExcluir